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Arquivo pessoal Adriano Crozara e as instalações do sistema Intergado
21/09/2018

HoRa realiza primeira prova CAR

Sistema Intergado foi instalado em propriedade de Brasilândia para avaliar eficiência alimentar do rebanho

Buscar sempre os melhores animais, com as principais características de produção fixadas em seu genoma, é um dos grandes objetivos da HoRa Höfig Ramos. Hoje, a eficiência alimentar é a característica econômica mais importante e procurada pelos produtores de carne. Produzir mais com menos custos significa maior rendimento final para o pecuarista. Por isso, a HoRa instalou o sistema Intergado na fazenda Nossa Senhora de Fátima, em Brasilândia (MS),  e começou a fazer, no último dia 14 de setembro, o seu primeiro teste de Consumo Alimentar Residual (CAR). Nessa primeira prova, estão sendo avaliadas 170 fêmeas PO com idades inferiores a 12 meses. Os primeiros resultados devem sair em meados de dezembro.

Segundo o doutorando em Zootecnia e responsável pelo teste, Adriano Crozara, colaborador do projeto de pesquisa de caracterização e seleção genética para eficiência alimentar da Embrapa Cerrados da Embrapa Cerrados, o teste visa avaliar tanto animais PO quanto os animais cara-limpa (CL) da Genética Podium - a genética que está sendo trabalhada na HoRa para melhor produção de carne Nelore. Os dados adquiridos serão trabalhados junto da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), buscando melhorar as Diferenças Esperadas nas Progênies (DEPs) e as acurácias destas. “As avaliações de eficiência alimentar podem ser feitas tanto em machos como em fêmeas, e as instalações construídas na HoRa permitem avaliar cerca de 800 animais por ano”, explica. A partir do ano que vem, segundo ele, a ideia é avaliar principalmente os machos podendo, com eles, predizer a eficiência das filhas, que serão as futuras matrizes.

O CAR, de acordo com Crozara, é a melhor opção para medir a eficiência alimentar do rebanho. “Diferente da conversão alimentar, que é a mais usada atualmente, o CAR trata da diferença do consumo da matéria seca estimada -  que é aquilo que eu acredito que o animal vai consumir -  e o observado, que é o que realmente o animal está consumindo. Isso em função do peso vivo médio metabólico e ganho de peso”, diz. Segundo ele, somente é possível ser feito medindo individualmente o consumo dos animais, naquele determinado lote, que deve ser homogêneo.

“O grupo de animais avaliados tem que ser o mais semelhante possível, mesmo sexo e contemporâneos, que venham de uma mesma alimentação e mesma época de desmame. Isso permite um resultado mais confiável para identificar os animais mais eficientes. Quanto mais esses animais foram próximos, melhor o resultado que teremos”, explica.

A alimentação dos animais em teste, na HoRa, simula um pasto de boa qualidade. “Isso é necessário  porque a pecuária brasileira ainda é predominantemente extensiva. Vamos fornecer uma condição alimentar que se assemelha a um bom pasto. Então, em tese, espera-se que o animal que tiver um bom desempenho  no teste de eficiência alimentar  será um animal de melhor eficiência a pasto”, avalia o zootecnista. 

Para medir o consumo individual dos animais, há duas opções. A primeira é separar o animal em baia individual e, dessa forma, fazer pesagem do que foi fornecido para ele e, depois, a pesagem do que sobrou; o resultado é o quanto esse animal consumiu. A segunda opção é o sistema tecnificado, como o Intergado,  de tecnologia brasileira, onde se coloca os animais em conjunto e, através da leitura dos  brincos eletrônicos do sistema, mensura-se o consumo desses animais cada vez que eles vão ao cocho. “As instalações permitem que apenas um animal acesse o cocho por vez. Através do brinco, envia-se por RFID (identificação por radiofreqüência) a informação de consumo para a plataforma on line. Além disso, o Intergado tem uma vantagem que é informação de peso. Para o animal consumir água, ele tem que subir numa balança corporal, que é acionada pelo brinco. Isso permite acompanhar a evolução do ganho de peso”, diz.

O produtor pode acessar diariamente essa plataforma e gerar gráficos sobre o ganho de peso, consumo, conversão e outras diversas informações diferentes como, por exemplo, quantas vezes o animal visitou um cocho, quantos cochos o animal visitou, que horário ele consumiu. “No sistema, é possível observar inclusive a dominância: quais animais chegam primeiro no cocho. Interessante é que os animais geralmente respeitam o mesmo horário de consumo. A partir dos resultados vou ter as duas variáveis fundamentais, consumo e ganho em peso,  para obter meu valor de CAR, que é a informação que eu quero”, explica.

Ultrassonografia complementa prova

De acordo com Adriano Crozara, somente com as informações de peso e consumo é possível gerar a CAR. “Porém, na HoRa, estamos acrescentando informações geradas por ultrassonografia. O animal está consumindo e está ganhando peso, mas para onde está indo esse peso? Vira gordura? Crescimento muscular? O ultrassom corrige o resultado do CAR ao me indicar isso, fornecendo uma informação mais acurada”, afirma.

 “Em âmbito nacional, os testes de eficiência alimentar começaram a ganhar força no Brasil por volta de 2004, mas em sistema manual.  Segundo o zootecnista, o primeiro sistema automatizado foi trazido em 2011, de tecnologia canadense, e instalado em uma fazenda em Uberaba, que é referência hoje em touros eficientes. Já o sistema Intergado vem sendo desenvolvido desde 2009 e começou a ser comercializado em 2013. “O Núcleo Regional da Embrapa Cerrados, situado em Santo Antônio de Goiás (GO), usa esse sistema e já está conduzindo a quinta prova de eficiência alimentar”, diz.

Crozara explica que a decisão da HoRa em implantar o sistema complementa o projeto de seleção genética que vem sendo desenvolvido, direcionando animais desde o acasalamento até a preocupação com a qualidade de carne do animal abatido “A HoRa quer produzir animais que tenham qualidade de carne, incluindo aí a maciez, e grande rendimento de carcaça. Então, somada com a seleção de animais para ganho de peso, reprodução, temperamento, racial, biotipo e outros fatores, porque não avaliar a eficiência alimentar, que é muito importante e valorizada pelo mercado?”, justifica.

Segundo ele, hoje, os grandes produtores de touros já estão investindo nessa tecnologia, mas não é comum ter o sistema dentro das fazendas. “A maioria transporta os animais para instituições prestadoras do serviço, como a Embrapa Cerrados. E quem faz isso recebe informações valiosas que valorizam o reprodutor ou a matriz”, garante.

Animais melhoradores

Por cerca de 30 anos, a HoRa utilizou touros produzidos por sua fazenda de Nelore PO  com objetivo de melhorar o próprio rebanho comercial.  Dessa forma, sobravam poucos touros para serem disponibilizados ao mercado. “Agora começa uma nova fase, voltada a disponibilizar toda a genética que foi aprimorada durante esses anos”, diz José Roberto Höfig Ramos.  O programa Genética Podium, lançado recentemente pela HoRa, sob os cuidados o doutor em Melhoramento Genético e pesquisador da Embrapa Cerrados e ANCP, Cláudio Magnabosco,  introduz a genética de precisão no rebanho cara-limpa para produção de matrizes e reprodutores de grande eficiência para melhorar os sistemas de produção da carne  no Brasil, 85% produzidas a pasto.

“O animal melhorador é aquele que se destaca no lote em todos os índices de produção. A utilização e multiplicação desse animal gera hoje um rebanho que consegue abate muito jovem, com qualidade de carne muito boa”, afirma José Roberto.  Segundo ele, o que o pecuarista procura é o retorno financeiro, é o giro rápido com  carne de qualidade. É isso que temos que pensar e é isso que a HoRa está buscando”, explica. O compromisso da HoRa em produzir genética Nelore sustentável é a marca de seu trabalho e de seus desafios para a produção da carne Nelore brasileira.